domingo, 18 de dezembro de 2011

A raposa e o príncipezinho


"...E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia. - disse a raposa.
- Bom dia. - respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui - disse a voz - debaixo da macieira...
- Quem és tu? - Perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.
- Vem brincar comigo - propôs o principezinho. - Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa - disse o principezinho - Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida - disse a raposa - Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exactamente - disse a raposa - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
...e disse a raposa:
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe.
- Por favor... cativa-me! - disse ela.
- Bem quisera - disse o principezinho - mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. - Tu te sentarás primeiro longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é sua - disse o principezinho - eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis - disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse o principezinho.
- Vou - disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro - disse a raposa - por causa da cor do trigo.
- Adeus - disse ele...
- Adeus - disse a raposa.
- Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- Os homens esqueceram essa verdade - disse a raposa - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”


Antoine de Saint-Exupèry



Meus querido, embora a saudade seja grande, o tempo não me tem permitido vir aqui, tenho andado numa roda viva, com muito trabalho e cuidando de minha mãe, que embora esteja melhor de algumas coisas, infelizmente não de outra, e que com a sua idade avançando não vai mais voltar a ser quem foi, sua mente já a vai traindo, mas a vida é mesmo assim, e para lá todos caminhamos a passos largos e o bom de tudo isto na vida é que aprendemos a viver um dia de cada vez, a dar graças por cada dia que acordamos, por cada tropeço, por cada escalada que fazemos a muito custo, mas que no fim do dia nos traz um cansaço de que valeu a pena, mesmo que por vezes assim não pareça.
Como todos sabem, pelo menos todos aqueles que por já aqui passaram muitas vezes, o Natal nada me diz, ou seja, diz-me, infelizmente pela negativa, por trazer consigo o pior que o ser humano tem em si, a hipocrisia, o cinismo, a falsidade, o parecer algo que não é. Falo isto com muito conhecimento de causa de muitos anos, e quando digo muitos anos não digo dois ou três ou até seis, mas cerca de trinta e tal anos e ver tanta podridão, por isso não vos desejo feliz Natal, pois Natal, e por cliché que possa parecer é a mais pura verdade, o Natal é quando o homem quer, e eu quero todos os dias, e assim o faço, lembrando-me todos os dias de quem passa fome, de quem precisa apenas de um ombro para chorar suas mágoas ou apenas ficar calado lado a lado, de quem precisa de uma mão amiga 365 ou 366 dias por ano e não apenas num só dia, ou num só mês, quando os podres deste planeta “se lembram” que existem pessoas necessitando de uma ajuda, com fome, e depois vão dar as ceias e ou pequenos cabazes, a isto chamo de gente de merda, falsa, hipócrita, cínica entre outras coisas, e não poupo palavras, digo-o na cara de quem quer que seja, adoro ser frontal, tal como adoro sempre que posso e minhas possibilidades financeiras o deixam, fazer umas compras e dar a quem vejo que precisa, oferecer meu ombro todos os dias junto com um sorriso de que tudo se vai resolver, mesmo quando tudo parece que não, mesmo que eu esteja em baixo, ninguém tem culpa se me sinto em baixo, há quem precisa mais de um sorriso ou algo mais do que eu, mas não faço para que me agradeçam, faço porque é meu dever moral ajudar sempre quem posso.
Por isso hoje escolhi este pequena rábula do livro de O Principezinho de Antoine de Saint – Exupéry que me marcou profundamente quando o li pela primeira vez há muitos anos atrás e que hoje é um dos meus livros a par com O Manual do Guerreiro de Paulo Coelho que me acompanham sempre.
Desejo-vos a todos um Bom Ano de 2012 cheio de paz, amor, harmonia, saúde e força para viver e amar o que aí está para chegar, sem nunca esquecer que somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos
Um beijo e um xi – coração a todos vós que por aqui passam deixando um pouco de vós e levando um pouco de mim.


Alvaro Gonçalves

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