segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Mãe, está fazendo precisamente agora um mês, um mês que Deus te chamou


Mãe, está fazendo precisamente agora um mês, um mês que Deus te chamou, estive contigo sempre, e tu sabes, acariciava-te, beijava-te, segurei tua mão, tentei sempre manter-te quentinha, aconcheguei-te sempre, pois parecia que não estavas nunca bem aconchegada, segurei tua cabecinha, tentei friccionar teu corpinho, pois sempre tens frio e a roupa era pouca, e a noite fria, falei-te sempre, disse-te tanta coisa meu anjo, mas principalmente o amor que sinto por ti, tu lembras, não lembras?
Dá-me um sinal, diz-me algo, preciso ouvir-te, pelo menos uma vez mais, mãe, eu amo-te, não sei o que faço, o que vou fazer, como estou, como ficar ou ir, mãe, diz-me qualquer coisa, dá-me um sinal que estás aqui, preciso tanto, mas tanto. As tuas coisas todas estão exatamente como as deixas-te, nada, mesmo nada foi mudado, a tua mala com o teu batom, aliás com teus batons, mas aquele que sempre gostaste a vida toda, o vermelho, está no mesmo sitio, na mala junto com o teu espelho, o outro na tua gavetinha no teu quarto, ahhhh achei a tua outra mala, lembras, andamos feito loucos à procura da outra mala, eu a achei, tem tudo lá, tudo que deixaste, tudo da mesma forma, mãe, minha querida, minha menina, sabes duma coisa? AMO-TE muitooooooooooooooo mesmo.
Diz-me qualquer coisa, peço-te, não suporto este vazio, este silêncio, esta dor, nunca falamos em nada, pois éramos "eternos", mas pensávamos, eu sei que sim, e nesses meus pensamentos eu iria contigo até ao fim do mundo, do universo, na mesma hora, nunca na vida pensei ficar para trás, sem ti, sem a tua presença física, teu calor, teus berros comigo, nossas desavenças, não mãe, nunca pensei que eu ficasse para trás, nesta solidão, neste mundo onde já não sirvo para nada, perdi tudo faz hoje um mês mãe, quando Deus te chamou, e agora meu anjo?, que faço eu aqui?, não tenho ninguém mais para cuidar, para amar e me amar como só tu sabias.
Sei, tenho alguns, muito poucos, mas muito bons amigos, e tu sabes que sim, que me amam e eu os amo muito, e sou-lhes eternamente grato pelo amor, carinho, amizade e tanta outra coisa que fizeram por nós, e agora por mim, mas mãe, de que serve eu estar aqui, sem o grande amor da minha vida, tu, meu anjo, minha mãe.
Perdoa-me, não te quero presa a este mundo cruel, quero que sigas o teu caminho, quero que estejas com teus pais, tuas irmãs, teu irmão e teu amigo, meu pai.
Se puderes, peço-te meu eterno anjo, fala comigo, dá-me um sinal, pelo menos que estás bem.
E seja como for, as tuas coisas vão ficar do mesmo jeito, aliás a casa toda vai continuar do teu jeito, caso cá venhas,.
E perdoa teu filho, perdoa-me mãe, mas dói muito.
Amo-te e amar-te-ei sempre.
 

Álvaro Gonçalves Correia de Lemos

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...