Mãe, eu estou tão cansado e sinto nos ossos
o chamamento da água, o chamamento sibilino
que se confunde com o ranger das portas das casas
onde jamais voltarei: venha veloz o sono capaz
de me resgatar e que dentro dele se perfilem
as sombras e os gestos, exército dos meus medos
mais secretos, temores enrodilhados na roupa húmida
das camas. Mãe, a luz não se demora no meu quarto,
morre nas corolas das flores que trouxeste
para o riso não murchar, e eu fico doente só de olhar
os muros onde a hera é espiral de espanto, raiz
de uma enfermidade latente. Não voltarei
às actas do desespero, que são sombrias e magras
como os corpos dos amantes que definham sobre a areia
na fúria da maré, com uma gramática de murmúrios
escondida na solidão branca das dunas, mãe.
José Jorge Letria, in "Actas da Desordem do Dia"
Mãe meu eterno anjo criado e abençoado por Deus quando nasci o Dia da Mãe era a 8 de dezembro, mas na mesma hoje também é teu dia, e tal como me ensinaste, mãe é todos os dias, e sim, mais certo que isso impossível, dia da mãe é todos os dias, mas a 8 de dezembro foi o dia em que tu me batizaste dia que comemoro sempre não pelo batismo mas por ser teu dia, dia de Nossa Senhora da Conceição, e teu nome é Maria Augusta da Conceição Gonçalves, nome que todas as mulheres da tua linda e maravilhosa família têm, mas o que é um nome?, um nome sem o ser que o tem, e tu, és Augusta - senhora, Maria - como a Virgem Maria e Conceição por Nossa Senhora da Conceição, mas acima de tudo tu és e serás sempre aquela que Deus em Toda a Sua Sabedoria fez de ti minha mãe, meu anjo, amo-te e amar-te-ei hoje e sempre.
Álvaro Gonçalves Correia de Lemos aka Álvaro Gonçalves
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