sexta-feira, 22 de maio de 2015

Saudades de mim

 Saudades daquela criança que em tempos viveu dentro de mim, que ao longo dos anos se foi perdendo e tornando em adulta à força, pelas circunstâncias da vida, um dia ela voltou, acordou, despertando de um pesadelo e deu-se conta dos anos que haviam passado e que ela havia perdido, chorou, mas voltou, conseguiu abrir um brecha nesse ser faminto dela e jogou-se de corpo e alma à vida, viveu, brincou, dançou, pregou partidas, amou, amou verdadeiramente e loucamente, mas…, enfim fez tudo o que uma criança faz…., mas a vida cruel como é, fechou-lhe as portas à vida e ela simplesmente desapareceu, lutou e voltou a lutar para permanecer em mim, mas a vida não a deixou viver e ela …, quem sabe não tenha morrido, pergunto-me eu tantas vezes. Agora o que resta é um ser perdido sem saber de onde vem e para onde vai, o que faz ou o que fazer, sabe apenas que sente saudades de si mesmo, pois a sua melhor parte fugiu da maldade, da crueldade e todas as dores que este mundo lhe tem trazido, cansada essa criança perdeu-se algures dentro, ou até fugiu para sempre de dentro de mim, quem sabe? Só sei que sinto saudades de mim, sim, sinto saudades de mim, pois parte de mim é partida e a outra é a louca procura de mim mesmo, mas perdido em mim mesmo e num mundo onde a esperança é a única coisa que me resta, já nada sei porque vivo ou para que vivo, não temo a morte física, temo apenas não me encontrar a mim mesmo e não saber o que fazer para voltar a ser aquele ser que em tempos fui e que se perdeu. Sim, esta louca saudade mim mesmo me atormenta, não me deixa viver, apenas sobreviver até ao reencontro comigo mesmo. Mas até quando, será ainda nesta vida?
Sinto saudades de mim, se alguém vir aquela criança que em tempos viveu dentro de mim, aqui deixo o pedido, digam-lhe que morro de saudades dela, de mim mesmo por inteiro.
Não quero partir sem a voltar a sentir em mim, quero matar as saudades de mim mesmo antes da partida. Saudades de mim…


Álvaro Gonçalves


segunda-feira, 27 de abril de 2015

sábado, 3 de janeiro de 2015

Mais um Sábado...




...mais um dia especial, o dia em que me dedico somente a minha mãe, tudo começa em casa, após o pequeno almoço, ou mata bicho como dizemos por vezes, pois era assim que dizíamos na nossa amada África, onde nasci, onde Deus me concedeu um ANJO, a minha MÃE, e desde esse tempo por muito que tenhamos passado, sempre estivemos juntos, mesmo quando estivemos longe fisicamente, estivemos sempre unidos, os anos vão passando e ela me ensinou tudo que sou hoje, era e ainda é em seus braços que me acolho, sempre que meu ser treme de medo, de dúvidas, sei lá, tantas são as vezes que me acolho em seu colo, em seu ombro deito minha cabeça, a abraço como num abraço eterno. Mas a vida nem sempre é o que desejamos, hoje, vejo-me por vezes privado de poder fazer isso ou aquilo, tudo porque meu ANJO precisa de mim, tem dias que me sinto só, peço forças a Deus, e muitas vezes parece que não consigo, e quando choro tento fazer com que ela não saiba, mas coração de mãe sabe e sente tudo. Hoje ela tem uns lindos 81 anos, tem bastantes doenças, a maioria controladas, mas há cerca de quase dois anos surgiu a pior de todas, essa maldita que está destruindo este meu ser lindo, a doença de Alzheimer, ainda está no inicio, mas infelizmente é uma doença que já a priva de muitas coisas, em especial da sua memória e a leva ao desespero puro e simples, a faz dizer que é inútil entre tantas coisas, é nesse momento que a abraço com força e lhe digo que ela é tudo o que sempre foi e assim sempre será, mas ela sabe que a doença a está destruindo e por vezes diz na forma mais pura do amor, tu não és meu filho, tu és meu pai, tu és tudo para mim. Nossa como eu amo este ser maravilhoso que Deus me deu.
Depois o seu dia foi passado a ir ao café, depois escolher os legumes para fazer sopa, a seguir fomos ter com a minha madrasta, e lá estiveram as duas falando sobre mil uma coisas, depois fui deixa-la com os seus  netos, e saí para dar um passeio pela praia, para depois voltar e ir busca-la para darmos um passeio, tirei-lhe umas fotos e como sempre refilou, dizendo, mas para quê tirar fotos desta cara feia, já se foi a beleza, agora ficou este focinho, mas eu teimo e tiro na mesma, ehheh e agora cá estamos ambos em casa, os abraços fortes têm sido uma constante.

Alvaro Gonçalves
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...